Grupo de Plastimodelismo de Campinas

Montagem: Wolney G. Pavan

O Avião

O Republic P-47 era o successor de uma linha de aviões derivados do Seversky P-35, XP-41, P-43 Lancer e XP-44 Rocket. A equipe de projeto do P-47 liderado por Alexander Kartveli, chefe de engenharia da Republic Aircraft Corporations, originalmente apresentou um projeto que seria motorizado por um motor Allinson V-1710-39, de 1.150 HP e seria armado por 2 metralhadoras 0.50 polegadas. Porém, agentes de inteligência vindos da guerra na Europa alertaram para o fato de que as especificações de performance para o XP-47 já haviam se tornado inadequadas. As novas especificações incluiam:
1.Velocidade de 400 mph a 25,000 pés;
2. Armamento composto por seis metralhadoras calibre .50, preferivelvemente oito;
3. Armadura para proteger o piloto;
4. Tanques de combustível auto-selantes;
5. Mínimo de 315 galões de combustível.
Kartveli apresentou uma nova proposta que se mostrou desafiadora. Ele planejou o uso de um novo motor Pratt & Whitney de 2.000 HP com 18 cilindros que era o maior e mais potente motor aeronáutico já desenvolvido nos Estados Unidos. Adicionalmente a aeronave incluiria um eficiente sistemas de dutos para o super-charger . Apesar do fato do motor estar no nariz e que o turbo estava na deriva a montagem funcionou muito bem, provendo um sistema que era durável e pouco susceptível a danos em batalha.
O Kit e a Montagem
Fabricante: Hasegawa
Kit Number: JT57
Modelo: P-47D Thunderbolt “Razorback”
Escala: 1/48
Este kit foi comprado no Brasil e algumas peças já se encontravam fora da árvore e alguns sacos já estavam abertos também, porém nenhuma peça estava faltando.
O kit não apresenta rebarbas, possui linhas gravadas finas e bons detalhes de maneira geral. O painel de instrumentos é bem detalhado e com alguma habilidade é possível fazer um ótimo trabalho nos mostradores. Por se tratar de um kit da primeira leva de fabricação, este possui uma falha na parte de baixo, na junção entre as asas e a fuselagem. Neste local, falta um pouco de plástico e isso torna o alinhamento das asas com a fuselagem complicado, além de deixar um vão de aproximadamente 1mm na parte central.
Essas falhas podem ser minimizadas com uma boa montagem a seco e a escolha de uma estratégia para o alinhamento. Será necessário usar massa e plástico para o vão e nas junções das asas na parte da frente. Recomendo um pedaço da árvore na parte de baixo a fim de “abrir” um pouco a raiz das asas evitando o uso de massa na junção asa-fuselagem.
No caso do P-47, deve-se dar atenção ao diedro das asas sendo que o trabalho nas junções será crucial para se ter o diedro correto (nem pouco, nem muito) e aqui fica uma dica, com o diedro correto e as peças da árvore abrindo a raiz das asas, o encaixe fica muito melhor, diminuindo a utilização de massa, porém, não eliminando-a por completo. Os estabilizadores horizontais não possuem diedro.

Os porões de rodas e trens de pouso possuem poucos detalhes. Nesses fiz apenas wash e um leve dry-brush.

Tirando isso, o restante do kit apresenta ótimos encaixes tornando sua montagem muito prazerosa e sem maiores percalços. 

Pintura
Este modelo vem com 2 opções de pintura, ambas Verde Oliva sobre Cinza, porém a versão “Miss Mary Lou” 318 FG, foi a escolhida, pois gostei muito da mistura das cores Olive Drab, Alumínio e Azul.
Também não se mostrou uma pintura difícil de fazer, mas o problema é que eu não queria usar os decais das faixas azuis que vinham com o kit e decidi pintá-las. Mas para isso, teria que ter um azul igual ao dos decais. A solução foi recorrer ao amigo X-Cão, que fez a mistura e acertou a cor para mim.
Infelizmente só foi possível fazer com Easy Colors e eu nunca havia usado essa tinta. A aplicação em uma sucata foi ótima, mas quando fiz a aplicação sobre o kit, algumas partes “arrepiaram” um pouco a ponto de quase colocar o trabalho a perder, porém, o problema estava no meu compressor. Resolvido o problema e com pressão baixa e constante, consegui um ótimo resultado com a Easy Colors. Faço um parêntese aqui sobre a tinta. A Easy Colors é ótima, cobre muito bem com uma camada muito fina e lisa. Vale a pena o investimento.
Tanto para o verde quanto para o cinza, pela primeira vez experimentei uma técnica para o clareamento da parte interna dos painéis. Nessa técnica, o modelo é pintado com a cor base, o verde oliva e o cinza e depois a cor é clareada e aplicada somente dentro dos painéis, deixando a área próxima às linhas mais escura. O verde foi clareado com Buff e o cinza com branco.

Essa mistura deve ser bem diluída e aplicada com pressão bem baixa em várias demãos, sendo que só irá aparecer após a terceira ou quarta demão. Também, deve ser feito preferencialmente à luz do dia, pois sob luz artificial é muito difícil controlar o efeito e pode-se “perder a mão”.
Tive muitos problemas nessa pintura mas por descuidos meus mesmo. Uma delas foi derrubar tinta na asa enquanto pintava, pois o copo do aerógrafo estava sem tampa. Claro que não poderia ser tão simples, pois a tinta que caiu escorreu e afetou a parte de baixo, ou seja, tive que lixar e pintar novamente. Então, uma dica, sempre tampe o recipiente de tinta do seu aerógrafo!!!

A folha de decais vem com 2 opções. Uma versão para “Little Chief” 56 FG, Boxted, Inglaterra 1944 e “Miss Mary Lou” 318 FG, Saipan, 1944, conforme comentado anteriormente.
Olhando os decais na folha, o branco das insígnias americanas me pareceu mais um bege do que branco, por isso o amigo Kina, me emprestou decais da Aeromaster, que são realmente brancos.
Aqui, começava o meu martírio com os decais. Fiz alguns testes e vi que nenhum dos decais se adaptava bem ao Mr. Mark Softer da Gunze, pois eles enrugavam, mas não voltavam ao estado original. Não consegui descobrir por que, talvez por serem mais velhos. A solução foi aplicá-los e usar o Mr. Mark Softer somente nas linhas, com um pincel bem fino. Funcionou muito bem. Depois disso, precisei mascarar a área próxima ao escape do turbo-compressor e ao retirar a fita, boa parte do decal veio junto. Fui obrigado a retirar o resto do decal e re-pintar a área toda e no final acabei utilizando os decais originais do kit.
Parti então para selar os decais com verniz brilhante e para minha surpresa, o azul do decal da Aeromaster reagiu com o verniz, arruinando o trabalho. Novamente fui obrigado a raspar a área e refazer a pintura, o que tomou quase 2 dias.
Só então pude aplicar os decais e por fim, acabei usando os originais do kit que no final, se mostraram muito bons!!

Terminado o martírio com os decais, parti para o envelhecimento com wash (para as linhas) e dry-brush para alguns efeitos. Usei o dry-brush principalmente para escurecer a área próxima às aletas de resfriamento do motor.
Depois disso, mais uma mão de verniz para igualar o trabalho e parti para a montagem das metralhadoras (feitas com agulha de injeção).
Aqui encontrei mais um desafio a ser vencido, pois as metralhadoras do P-47 são paralelas ao solo, apesar do diedro da asa. Assim, tive que bolar um jeito de alinhá-las não somente na horizontal, mas também na vertical para que não ficasse cada uma apontando em uma direção.
Além disso, tive que medir muito bem os tamanhos para que não ficassem diferentes de uma asa para a outra. A solução foi um penqueno “sanduíche” com 2 placas cortadas de plástico, onde medi a distância entre elas e fiz os furos. Alinhei as mesmas e usei araldite para ter mais tempo de ajustar as direções.
Depois de vencido mais esse desafio fiz a montagem dos trens de pouso, tubo de pitot, antena, mira, luzes de posição e finalmente está pronto mais um modelo.

Uma resposta

  1. uau, fantastico trabalho, parabéns!

    Tenho alguns kits montados de aviões. Gostaria de me desfazer deles. Será que você ou outro amigo do plastimodelismo teriam interesse?

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